A recente instabilidade na curva de juros futuros do Brasil gerou uma oportunidade rara para os investidores de renda fixa, especialmente aqueles focados nos títulos públicos. Nos últimos dias, as taxas de retorno dos papéis do Tesouro Direto atingiram níveis recordes para 2024, tanto nos ativos prefixados quanto nos indexados à inflação. Diante de uma rentabilidade de até 13% ao ano em alguns casos, a dúvida que surge entre os especialistas e investidores é: vale mais a pena optar pelo Tesouro Prefixado ou pelo Tesouro IPCA+?
Rentabilidade nas Máximas do Ano
Em 1º de novembro, o Tesouro IPCA+ 2029 estava oferecendo um retorno de 6,99% ao ano, acrescido da variação do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial de inflação. Já o Tesouro Prefixado 2027 superou os 13% ao ano, estabelecendo um recorde para 2024. Ambos os ativos são atraentes, mas com características distintas que impactam a decisão do investidor.
O Crescimento da Rentabilidade do Tesouro IPCA+
A evolução das taxas de juros tem sido um dos principais motores dessa movimentação. Em abril deste ano, quando o Tesouro IPCA+ oferecia uma taxa de 6% ao ano, o mercado considerava esse retorno “insano”, dado o cenário fiscal desafiador e o impacto das novas metas fiscais do governo para 2025. Naquele momento, a rentabilidade parecia uma oportunidade única, mas, como a análise revelou, não era um pico passageiro. Desde então, a rentabilidade do Tesouro IPCA+ continuou a subir, superando a marca de 7% ao ano em algumas emissões.
O Impacto da Incerteza Fiscal
O cenário fiscal brasileiro se tornou um fator crucial na evolução das taxas de juros. A crescente desconfiança em relação ao cumprimento das metas fiscais aumentou o prêmio de risco exigido pelos investidores, o que, por sua vez, resultou em taxas mais altas nos títulos públicos. Como reflexo, o Tesouro IPCA+ 2029, por exemplo, alcançou 6,99% ao ano em 1º de novembro, um nível raramente visto em sua história. Segundo um estudo da Quantum Finance, nos últimos 10 anos, o Tesouro IPCA+ 2029 nunca ultrapassou 7% ao ano, sendo um desempenho excepcional para os padrões históricos do título.
Prefixado ou IPCA+?
Agora, a grande questão para os investidores é qual escolher: um retorno fixo de 13,23% ao ano com o Tesouro Prefixado 2027 ou um retorno de 6,99% ao ano mais a inflação com o Tesouro IPCA+ 2029. A escolha depende de fatores como o apetite ao risco, a expectativa sobre o comportamento da inflação e as perspectivas econômicas para o Brasil nos próximos anos.
Os títulos prefixados, como o Tesouro Prefixado 2027, garantem uma rentabilidade fixa, o que pode ser vantajoso para aqueles que preferem segurança em um cenário de incerteza econômica. Já o Tesouro IPCA+, ao oferecer uma rentabilidade real (acima da inflação), pode ser mais atrativo para quem aposta na continuidade do cenário inflacionário elevado, mas sem a previsibilidade de uma taxa fixa.
O Que Dizem os Especialistas?
Os especialistas apontam que a decisão vai depender da estratégia do investidor e de sua visão sobre o futuro. Para alguns, a alta rentabilidade dos títulos prefixados pode ser irresistível, principalmente com a expectativa de que a Selic, a taxa básica de juros, ainda permaneça em patamares elevados por algum tempo. Para outros, a proteção contra a inflação oferecida pelos títulos IPCA+ é uma vantagem no longo prazo, principalmente se a inflação continuar pressionada nos próximos anos.
Conclusão: Uma Oportunidade Única para Investir
O fato é que, independentemente da escolha, o momento atual representa uma rara oportunidade para os investidores de renda fixa. As taxas de retorno oferecidas pelos títulos do Tesouro Direto estão entre as mais altas dos últimos anos, o que garante uma rentabilidade atrativa em qualquer um dos cenários. A dúvida é apenas qual caminho seguir: a segurança dos prefixados ou a proteção contra a inflação dos títulos indexados ao IPCA.
Com uma economia brasileira ainda em fase de recuperação e um cenário fiscal incerto, o mais importante é que os investidores analisem cuidadosamente suas expectativas e objetivos financeiros para tomar a melhor decisão neste momento único de alta rentabilidade.